sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Decadence



Fecham-se as portas lentamente
ranger de enferrujadas fechaduras
Ecoam tristemente.
um tom de semi breu me invade o ser.
Uma lágrima nega-se a rolar.
Será que vai chover?
Inquisitivo, fito o nada.
Desesperançoso, ando á esmo.
É tão íngreme a estrada.
Odioso, maldigo a vida,
Desprezo as rosas.
Esqueço a lida.
Se vai amanhecer? - Não importa!
Talvez escureça, vente ou esfrie.
Sou alheio, sou efêmero,
sou a horda.

E esta efemeridade que me invade
é o que ainda conservo na bagagem.
Afora isso, uma única saudade!

Um beijo

Foste o beijo melhor da minha vida, ou talvez o pior...Glória e tormento, contigo à luz subi do firmamento, contigo fui pela infernal descida! Morreste, e o meu desejo não te olvida: queimas-me o sangue, enches-me o pensamento, e do teu gosto amargo me alimento, e rolo-te na boca malferida. Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo, batismo e extrema-unção, naquele instante por que, feliz, eu não morri contigo? Sinto-me o ardor, e o crepitar te escuto, beijo divino! e anseio delirante, na perpétua saudade de um minuto....


Olavo Bilac