segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Nós, os Loucos

  
E vem da lida, o suor;
da vida, o temor;
de um sonho, o ardor;
de devaneios, o amor
e da loucura,
o horror.

A insanidade,
esta lucidez desmedida,
descabida e mal
resolvida.
Embala o sono encantado,
como se fosse o primeiro;
como se fosse em janeiro.
E se não fosse um coitado,...
Tanto faz!

Pois onde andará o amigo?
Os loucos e os poetas?
sequer merecem castigo.
Sequer carecem jazigo!

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Amigo

Amigo não é palavra solta.
Tem sentido, adjetivo, sujeito e ação.
Amigo manda uma flor.
Ser amigo é expôr-se à emoção.
É ouvir, calar, falar, afagar,
e até censurar. É coração!
Amigo é presente raro,
carece de tempo e,
doação!

Feito semente em solo fértil
brota livre, brota audacioso.
Não cobra nada e nada pede
aguarda passivo, dadivoso.

Ter um amigo é ter um cadinho
de céu na terra.
Virtual, real, intelectual ou leigo,
Branco, preto, amarelo ou vermelho.
Ter um amigo, é jamais estar só,
mesmo que em pensamento!

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

IPANEMA


Lá de cima
do Morro do Osso
(como um vagabundo),
que colosso!
Vejo um mundo
(displicente),
diferente, irreverente e
um tanto doente.

Híper dilemas
mil problemas,
lá em baixo Ipanema
deitado,
sufocado em suas luzes.

Cruzes!
Tanta gente,
indo e vindo.
Quantos sorrindo?
Tantos partindo!

Que loucura;
que ternura,...
O que foi que aconteceu?
Ipanema!
Quanta gente,...
... e ainda nem amanheceu!!!


quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Feito um Pícolé no Sol

Quero um barco meio mar
Um meio, não achei, não veio
Pra sair do charco feio
Quero um barco meio mar
Um porto meio lar
Um corpo feito pra se amar e sem receio
Meio assim doente, de repente
Cheio desse olhar ausente
Meio louco
Meio um sufoco
Meio coca-cola
Meio mal dá bola
Meio inconsequente
Como se no meio da cidade
Na velocidade
Na saudade
Na maldade à toa
Nessa claridade, tanta coisa boa se desmancha feito um picolé no sol
E feito um picolé no sol eu quero estar agora
Pra esquecer do mal que tá lá fora
Me esperando pra cobrar a taxa
Tá com a mão toda suja de graxa
Tô ficando meio assim xarope
Dessa lenga lenga, já amarrei o bode
Pode crer que tudo tem a ver com tudo
Tem a ver com o mundo
Tem a ver com ser perfeito
Tá na rua, tá na banca de revista
Tô na pista e não te desconcerta
Sempre alerta
Na notícia esperta
Nesse compromisso
Numa dose certa
Veio como onda, bomba
Longa história nua e sem certeza, sobre a mesa tua
Crua e sem semente, mente me confunde
Funde a minha e a tua neste instante, ante
Vejo um pôr do sol brilhante
Como nunca dantes me arriscara e fui tomar a cara
Um primeiro passo
Dum segundo passo
Dum terceiro passo, eu acho
No caminho dessa descoberta, não tem compromisso
Com trilhar o que já foi trilhado
Deixo tudo ali do lado e parto cego e sempre em frente
Um tanto quanto alucinado
E nado para estar presente
Nada como estar assim ciente
Sem estar cansado
Sem estar à margem
Sem estar doente
Sem faltar coragem
Sem querer fazer charminho
Sem querer carinho
Sem querer carona
Quero um barco meio mar
Um porto meio lar
Um corpo feito pra se amar
Crua e sem semente
Mente me confunde
Funde a minha e a tua neste instante
Um primeiro passo
Dum segundo passo
Dum terceiro passo...
E depois
Só nós dois
Tudo mais
Tanto faz
Quero amor
Quero luz

Nico Nicolaiewsky

 

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Testamento de Poeta

Dentre os raros bens que deixarei,
      (sem valor comercial algum).
Ficam os velhos chinelos,
disco do Chico, foto da Elis.
Um punhado dos sonhos mais belos,
de um dia ser feliz,...


Prá você que é meu amigo
deixarei uma rima curtinha.
Beijo expresso no papel,
entre uma e outra linha.

Te deixo também a certeza
desta cumplicidade desmedida.
Pois amizade como a nossa
transcende o tempo da vida.

Saibas que és especial
para este sonhador.
Pois que, amizade prá sempre,
É melhor que um curto amor!

domingo, 4 de setembro de 2011

Um Poeta


Um poeta é tantas coisas
e nenhuma das coisas o é.
Rabisca seus devaneios
e navega entre mil anseios.

Tem fé no amor que virá,
Na lua, na musa, na flor.
Fé que um semblante haverá
entre brasas; De um alvo furor.

Não chega a ser um errante,
se atém ao subjetivo.
Jamais entendeu de "concreto";
Do próprio peito é cativo!.

Um poeta é tantas coisas
que nem em sonho seria.
É o menino-jovem-crescido
cuja vida  sorveria.
Feito um manjar escondido:
-- Em detalhes, se delicia.

Porém, não chores poeta
por desamores em lata.
Nem toda diva é real e
nem sempre, é a lua de prata!