segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Lá Fora


Passa a vida lá fora,
não passa a dor da ferida.
Passa a jovem senhora,
não passa a lembrança sofrida.
Passa o jovem de agora,
e não passa a esperança sentida.
Passam os dias, passam horas,
mas não passa o peso da lida.
Tudo passa sem demora
e vai passando a própria vida!

Cai uma gota de orvalho,
vem o sol, vira vapor.
Caem cartas de baralho,
da manga do enganador.
Envolto em antigos retalhos
foi que ocultei esta dor!

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Radiografia


Na radiografia em preto e branco
sangra um peito desvairado.
Sangra os amores idos;
Sangra o beijo não dado;
Sangra a vida veloz,
que cobra o tempo
e, este se faz atroz;
              (no relógio da velha parede).

Ele marca treze horas.
Mas se marcasse qualquer
outro horário,
de qualquer outro dia,
de um outro ano qualquer. Enfim;
Tanto faria!

A insípida rotina
              (dona da chave da cela),
teima em condenar sem dó,
seus estagnados seguidores.

"Até que a vida vos chacoalhe"!

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Livre Arbítrio



Posso te pedir que não faças,
posso te implorar que não vás,
posso te seduzir que me ouças.
Só não posso te impedir de errar.
Ou de acertar!
Quem sabe,...
"Livre arbítrio".
Eis a questão!

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Mulher-Menina


Mulher-menina,
outrora,
menina-mulher;
Que deixastes tua infância
n'algum tempo
d'algum lugar.

Quebrou-se na distância
aquele ar de querer,
de lutar,
de sonhar,...

---    Não!
Juntar os cacos não;
Seguir á deriva,
a favor do vento,
feito godiva,
em devaneios de glória,
refazendo a história dos que
em ti buscam um porto seguro.

É duro, imagino,
ser mulher...
... sem ter sido menina!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

AS MENINAS

As meninas

 
Arabela
abria a janela.

Carolina
erguia a cortina.

E Maria
olhava e sorria:
"Bom dia!"

Arabela
foi sempre a mais bela.

Carolina
a mais sábia menina.

E Maria
Apenas sorria:
"Bom dia!"

Pensaremos em cada menina
que vivia naquela janela;


uma que se chamava Arabela,


outra que se chamou Carolina.

Mas a nossa profunda saudade
é Maria, Maria, Maria,


que dizia com voz de amizade:
"Bom dia!"
Cecília Meireles, Ou isto ou aquilo, Nova Fronteira

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Confissões em Jejum


Eu não sabia se eu queria te ler;
Eu não sabia se eu queria saber.
Não! Eu sabia sim.
Queria e queria muito.
Queria tanto! 
Pois estes últimos anos  
só aumentaram esta gana 
(misturada com saudade).
Ficou este sabor de quero mais,
e todos os devaneios do mundo.
Este poeta vadio, vagabundo,
ainda sonha com o teu cheiro,
com a maciez da tua pele 
e todo o teu amor!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Amar

Não há como direcionar o amor,
nem mensurar ou estancar.
Que o amor é burro e não obedece.
Tem vida e vontade próprias.
Será que amar ainda é aquela doação
na íntegra? Pejorativa e eterna?
Que os nosso avós ouviam nas rádio-
novelas,...
O amor tem prazo de validade e
amamos acima de tudo nossa capacidade
de amar o outro(a)?
O objeto de nosso amor é efêmero e reciclável.
Altamente reciclável, tal qual nosso dom de amar.
Deveria ter código de barras também, para cruzar afinidades
num grande banco de dados.
Mas não tem e, isto é que nos torna tão apaixonadamente
irracionais na maior parte do tempo.
Se o romper é doloroso. Amar, amar e amar ainda é o
melhor remédio para a alma, pois esta alimenta-se
de amor, que é gratuito e não tem contra-indicações.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Telas & Teclas


E eu me ponho a imaginar
se você existe,
ou se devaneio entre telas
e teclas.
As palavras que surgem,
que provém de você.
Soam feito uma silenciosa
música romântica.
Invade meu ser,
arranca um suspiro,
de súbito, me inspiro
e volto a viver.
Fração de segundos
que embora pareçam horas,
vão-se como a brisa.
Levam você, me tiram o doce.
Me trazem de volta
ao frio mundo onde não habitas.


"Exceto em meus sonhos mais
ousados"!

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Piano Bar



O que você me pede eu não posso fazer
Assim você me perde e eu perco você
Como um barco perde o rumo
Como uma árvore no outono perde a cor
O que você não pode, eu não vou te pedir
O que você não quer, eu não quero insistir
Diga a verdade, doa a quem doer
Doe sangue e me dê seu telefone
Todos os dias eu venho ao mesmo lugar
Às vezes fica longe, difícil de encontrar
Mas quando o neon é bom
Toda noite é noite de luar
No táxi que me trouxe até aqui
Julio Iglesias me dava razão (yo soy un hombre sincero)
No clipe Paul Simon tava de preto
Mas na verdade não era não
Na verdade nada
É uma palavra esperando tradução
Toda vez que falta luz
Toda vez que algo nos falta (alguém que parte e não volta)
O invisível nos salta aos olhos
Um salto no escuro da piscina
O fogo ilumina muito, por muito pouco tempo
Por muito pouco tempo, em muito pouco tempo
O fogo apaga tudo, tudo um dia vira luz
Toda vez que falta luz, o invisível nos salta aos olhos
Ontem à noite, eu conheci uma guria
Já era tarde, era quase dia
Era o princípio num precipício
Era o meu corpo que caía
Ontem à noite, a noite tava fria
Tudo queimava, nada aquecia
Ela apareceu, parecia tão sozinha
Parecia que era minha aquela solidão
Ontem à noite, eu conheci uma guria, que eu já conhecia
De outros carnavais, com outras fantasias
Ela apareceu, parecia tão sozinha
Parecia que era minha aquela solidão
No iníco era um precipício
Um corpo que caía
Depois virou um vício, foi tão difícil
Acordar no outro dia
Ela apareceu, parecia tão sozinha
Parecia que era minha aquela solidão
Parecia que era minha

(Engenheiros do Hawaii)

Alguém Explica?







Sobrenatural? Talvez, mas que é interessante, é! 
Algo realmente curioso ...

Este ano vamos vivenciar quatro datas incomuns .... 1/1/11, 1/11/11, 11/1/11, 11/11/11; e tem mais: 
pegue os últimos 2 dígitos do ano em que nasceu mais a idade que você vai ter este ano e será igual a 111 para todos!

ALGUÉM EXPLICA ISSO ????

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Vazio

Eis que surge um vazio
que não consegues mais conter.
eis que nasce uma angustia
que teima em me corroer.
eis que surge uma dor
que em brasa, insiste em arder.

Eis que surge você
que outrora me completava,
que ao preencher os vazios,
minha angústia se amainava,
e se havia dor,...
Abafava-se em desvarios!

Eis que surge a saudade
do brilho do teu olhar,
de cada palavra não dita
da tua mão, a me afagar,
de olhares que se encontravam
de bocas a murmurar,...

Pois eis que surge um vazio.
Que não posso suportar,
É que se estas presente,
Se teimas em me fitar,...
ainda assim te sinto ausente
E esta dor a  sufocar.

Daí me sinto criança
insatisfeito e calado,
a amar uma lembrança
Que agora jaz no passado!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Moto-Contínuo

Moto-contínuo Chico Buarque
Moto-contínuo
Edu Lobo - Chico Buarque/1981


Um homem pode ir ao fundo do fundo do fundo se for por você
Um homem pode tapar os buracos do mundo se for por você
Pode inventar qualquer mundo, como um vagabundo se for por você
Basta sonhar com você
Juntar o suco dos sonhos e encher um açude se for por você
A fonte da juventude correndo nas bicas se for por você
Bocas passando saúde com beijos nas bocas se for por você
Homem também pode amar e abraçar e afagar seu ofício porque
Vai habitar o edifício que faz pra você
E no aconchego da pele na pele, da carne na carne, entender
Que homem foi feito direito, do jeito que é feito o prazer
Homem constrói sete usinas usando a energia que vem de você
Homem conduz a alegria que sai das turbinas de volta a você
E cria o moto-contínuo da noite pro dia se for por você
E quando um homem já está de partida, da curva da vida ele vê
Que o seu caminho não foi um caminho sozinho porque
Sabe que um homem vai fundo e vai fundo e vai fundo se for por você



Andanças (Releitura)


De galho em galho,
feito a ave perdida
nos encantos de fim
de orvalho,
fui pululando vida afora.
Estradas a dentro,
corações a esmo;
Olhares a deriva e,
pensamentos dispersos.

E assim, sem que eu percebesse
passaram-se os anos,
vieram as rugas,
foi-se o louro dos cabelos joviais.
Deram lugar ao cinza-vivência.
E estas palavras?
Elas nada mais são do que o resumo
de tantas andanças!