João vivia feliz e alienado
uma vida mesclada de realidades
e faz-de-conta.
João comia, João trabalhava;
Ele dormia e ele acordava.
Todos os dias.
João só não chorava.
Ele não conseguia.
Certa vez secaram-lhe as
tão importantes lágrimas.
Então João prosseguia.
Pouco falava João e, para desabafar:
-- João escrevia.
Falava dos amores que escoaram feito areia,
dos projetos que ele sabia virariam pó,
dos bens que não desfrutou,
e da vida que jamais tivera.
Soava-lhe alto o tic-tac das horas,
dos dias, anos e décadas.
Esta maldita ampulheta!
Que avança feito tempestade.
E quando acabar-se a areia João?
Bastar-te-á uma lápide com mato crescido a volta?
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