quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Feito um Pícolé no Sol

Quero um barco meio mar
Um meio, não achei, não veio
Pra sair do charco feio
Quero um barco meio mar
Um porto meio lar
Um corpo feito pra se amar e sem receio
Meio assim doente, de repente
Cheio desse olhar ausente
Meio louco
Meio um sufoco
Meio coca-cola
Meio mal dá bola
Meio inconsequente
Como se no meio da cidade
Na velocidade
Na saudade
Na maldade à toa
Nessa claridade, tanta coisa boa se desmancha feito um picolé no sol
E feito um picolé no sol eu quero estar agora
Pra esquecer do mal que tá lá fora
Me esperando pra cobrar a taxa
Tá com a mão toda suja de graxa
Tô ficando meio assim xarope
Dessa lenga lenga, já amarrei o bode
Pode crer que tudo tem a ver com tudo
Tem a ver com o mundo
Tem a ver com ser perfeito
Tá na rua, tá na banca de revista
Tô na pista e não te desconcerta
Sempre alerta
Na notícia esperta
Nesse compromisso
Numa dose certa
Veio como onda, bomba
Longa história nua e sem certeza, sobre a mesa tua
Crua e sem semente, mente me confunde
Funde a minha e a tua neste instante, ante
Vejo um pôr do sol brilhante
Como nunca dantes me arriscara e fui tomar a cara
Um primeiro passo
Dum segundo passo
Dum terceiro passo, eu acho
No caminho dessa descoberta, não tem compromisso
Com trilhar o que já foi trilhado
Deixo tudo ali do lado e parto cego e sempre em frente
Um tanto quanto alucinado
E nado para estar presente
Nada como estar assim ciente
Sem estar cansado
Sem estar à margem
Sem estar doente
Sem faltar coragem
Sem querer fazer charminho
Sem querer carinho
Sem querer carona
Quero um barco meio mar
Um porto meio lar
Um corpo feito pra se amar
Crua e sem semente
Mente me confunde
Funde a minha e a tua neste instante
Um primeiro passo
Dum segundo passo
Dum terceiro passo...
E depois
Só nós dois
Tudo mais
Tanto faz
Quero amor
Quero luz

Nico Nicolaiewsky

 

Um comentário:

Renata Plothow disse...

Linda música! Só conhecia o trabalho dele em Tangos & Tragédias. Muito bom!
Beijos da Nefelibata