segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Virtual

Quando não surge a lua;
Quando some o céu;
Quando escurece a rua;
E tudo vira breu,...

Quando a música para;
Quando o garçom vai embora;
Quando perco o tino;
E sem tino perco a hora,...

Quando procuro um afago;
Quando quero abrigo;
Eis que a tela se oferece
e lá está um amigo!

(O que seria de nós sem a real virtualidade 
de cada ombro amigo que 
conquistamos aqui)?

domingo, 30 de janeiro de 2011

A ARANHA


A aranha meticulosamente
tece sua teia;
Suas presas. Presas!
Seu instinto predador
impiedoso e avassalador
vai tecendo, tecendo e tecendo.

Que presas haverá de consumir
no café da manhã?

sábado, 29 de janeiro de 2011

Poemeto de Sábado


E quando chega o sábado
até os passarinhos ouvimos.
(Os sons do amanhecer,...)
Bate a saudade da infância,
Do adulto, toda essa ânsia,...
Cheiro de café novinho.
(Ah, se tivesse bolinho).
Arrisco uma poesia.
Mas que heresia!


Esta embrenhou-se mato a dentro,
nos labirintos desta alma cansada.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Soneto Para a Cidade Grande




O sol que te aquece,
o carro que passa.
O dia envelhece
em sinais de fumaça!

Um ônibus parte,
outro ônibus vem.
grafite sem arte,
no muro de alguém.

Cidades de nós.
Concreto e pecado.
Espreita o algoz.

D'algum sonho encantado;
em desfecho atroz,
Que jaz no passado.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A Santa

Do topo de um altar
Observa perene
em seu santuário;
São fiéis desesperados!
Ah, esses pobres coitados.

A orar e pedir, pedir e orar;
Pedem tanto e nem se dão conta
Que a Santa por fim, quase tonta,
é uma só!

Pedem saúde e dinheiro,
Pedem perdão e sucesso.
Amor, paz e ascenção
em seu mundo financeiro.

A noite, oram baixinho,
de dia, destruição.
Intrigas, inveja, impropérios,
São podres de coração.

A Santa é mais Santa, afinal!
Do cume de seu altar.
Com seu manto angelical
A todos pretende amar!

Gaudério eu Sou

Nas coxilhas do passado
Quero-quero, eu escutei.
São quimeras de outrora
e da prenda que eu amei.

O meu pingo me acompanha
comigo ele ri e chora.
Ri das chinas que deixei,
quando me ia embora.

o meu pala trás a marca
de um três listas lá de fora.
De um marido destratado,
que me pôs estrada afora.

O meu pampa é meu legado
e me orgulho a cada dia,
Sou gaudério e está firmado
nas vozes da Pulperia.

Sou filho da terra ungida
com sangue de maragatos e chimangos.
Abençoada e protegida
prima dos velhos tangos.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Provérbio

Um provérbio chinês
dizia algo que nem lembro mais;
Faz tanto tempo,...
Mas o provérbio está lá.
Queira-se ou não!
A encantar tanto os que o ouvem
como os que o repetem.
Ah, os provérbios,...
eles poderiam mudar o mundo!

Eu Sei que Tu Sabes,...

 
O que eu não sei é se tu sabes que eu sei de tudo. Desde os segredos mais profanos até as verdades mais banais.
É eu sei. 
E por sabê-lo beiro a insanidade dos versos confusos. Onde a realidade promíscua confunde-se com um devaneio á deriva.
Mas sabendo ou não sabendo, vou a esmo em busca do meu eu. Que eu perdi em algum lugar do passado, entre um conhecimento abstrato e uma mentira feita de bolhas de sabão. Desta que não duram mais do que o instante seguinte.
Se alguém encontrar-me por aí, favor devolver no endereço do e-mail deste que vos escreve. 
Pois que as palavras borbulham e falta-lhes a identidade do criador. Quem as trará à luz se o próprio pai sequer entende sua origem pagã?

domingo, 23 de janeiro de 2011

Entrelinhas

 Nos versos que escrevo
pouco a pouco me descrevo.
Em entrelinhas me exponho,
o que sou e o que suponho.
Em metáforas distorcidas,
as experiências vividas.
Os Pontos de exclamação:
Suspiros de um coração.
As vírgulas, coitadinhas:
Do caminho são as pedrinhas.
E as unidas reticências:
O desenrolar das vivências.
Interrogações desoladas:
Para as dúvidas da estrada.
Aspas, parênteses e grifados
a exaltar os apaixonados.
E, um ponto final bem conciso.
É agora o que eu mais preciso.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Saudades


Sinto saudades doloridas
de certas pessoas queridas.
Que me são tão importantes.
Não que estejam distantes.
Mas sim, do que elas eram!
Do que elas foram e
do que representaram.
Em algum momento
deste meu inerte e
solitário lamento.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Vida



 Amo a vida por amar a ti,
que nem percebes,
que a vida passa
(feito um vento);
E,
se o que se foi,
não concebes.
Fica o doce acalento
de cada alegria tida,
em cada breve momento,
que  fomos uma só vida!

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Hai-cais Desperdiçados

A tua falta
faz do verão inverno.
Inferno e breu!



Mas se tu chegas,
volta o sol à brilhar.
Calor e tesão!



E se tu te vais,
Chove em meu coração.
Lágrimas vertem!



Se tu me amas
um arco-írirs surge.
Entre sorrisos.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O Vosso tanque General, é um carro forte


O Vosso tanque General, é um carro forte
Derruba uma floresta esmaga cem
Homens,
Mas tem um defeito
- Precisa de um motorista

O vosso bombardeiro, general
É poderoso:
Voa mais depressa que a tempestade
E transporta mais carga que um elefante
Mas tem um defeito
- Precisa de um piloto.

O homem, meu general, é muito útil:
Sabe voar, e sabe matar
Mas tem um defeito
- Sabe pensar.


(Bertold Brecht) 

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Vida II

Vês a vida lá fora,
que inerte á teu querer
insiste em prosseguir.
Todos os dias!

     Vês a vida lá fora,
     crescendo e pintando
     de cores múltiplas
     o cinza que desejastes!

          Vês a vida lá fora,
          repleta e envolvente.
          Divertida, concreta;
          Enebriante vida!

               Vês que a vida lá fora
               vai passando feito brisa
               a acariciar-te o rosto.
               Vais e afaga-lha!